Carreira

Ex aluno de biomedicina com Carlos Antônio Barbosa

Escolher uma graduação é uma tarefa nada fácil. É comum nos questionarmos até mesmo durante os primeiros meses de formação. Afinal, enquanto estudamos, pode ser um pouco difícil imaginar aonde chegaremos. E, para te inspirar, trouxemos uma história de um biomédico que sentiu exatamente isso na pele.

Nos últimos anos, uma das palavras que mais ouvimos foi vacina. E você já pensou em quem são os cientistas por trás do desenvolvimento delas? Com certeza existem várias histórias surpreendentes, e hoje nós selecionamos uma delas: a do Carlos Antônio Barbosa, biomédico e bolsista da Fundação Oswaldo Cruz.

Nesta conversa, Carlos relembra um pouco esse processo de decisão, os primeiros meses de estudo e conta um pouco sobre a construção da sua carreira. Acompanhe!

Hoje, você é bolsista de um dos institutos mais respeitados do país. Conta para a gente como é a sua rotina na FIOCRUZ – Fundação Oswaldo Cruz?

Com a chegada da pandemia instaurada no país desde 2019, a maioria dos esforços da instituição foram voltados ao estudo da COVID-19. Sendo assim, fui contratado para atuar em um projeto de doutorado, que visa ao desenvolvimento de uma vacina bivalente para COVID-19 e Influenza (mais conhecida como gripe), em uma das repartições laboratoriais da instituição — no caso, o laboratório de Imunopatologia.

Saliento ainda que o laboratório ao qual pertenço está ligado à atual vacina produzida pela CT Vacinas (SpiN-Tec) junto a UFMG, IRR-Fiocruz Minas e demais colaboradores. 

Minha rotina se resume, em linhas gerais, no auxílio da parte experimental do projeto, trabalhando com virologia, biologia molecular, manutenção de células, avaliação da resposta imune em camundongos, entre outras metodologias de pesquisa e análise, atuando, assim, de forma efetiva na bancada. 

E como foi a sua jornada profissional — da escolha da profissão até hoje?

Quando escolhi cursar Biomedicina, nem imaginava aonde eu chegaria. A minha primeira opção de graduação era Administração, pois sempre tive grande afinco com a parte administrativa. Mas na hora da escolha no programa, optei de última hora por Biomedicina na PUC Minas. E a aprovação foi uma grande surpresa.

Ao entrar no curso, percebi que poderia ter feito a escolha errada, me senti deslocado e sem muito preparo para o que me esperava. Foi então que, a partir do terceiro período, obtive a minha certeza. Foi ali na aula de biologia molecular que descobri o meu amor pelo DNA e suas metodologias de análise.

Já quando se trata da minha trajetória profissional, gosto de contar que começou dentro da própria universidade. Desde o início do curso, sempre houve uma motivação empenhada pelos professores do curso, incentivando-nos a participar de processos de estágio ou monitoria, remunerados ou não, para podermos ter um maior contato com a área de atuação do curso. Foi então que me inscrevi para ser monitor de uma matéria com a qual tinha bastante afinidade e acabei sendo o selecionado. E foi esse primeiro contato que me abriu portas no IRR-Fiocruz Minas em 2017, sendo aluno de iniciação científica pelo laboratório de Informática de Biossistemas. Lá, pude aprender muito sobre biologia molecular e suas metodologias. No mesmo ano, engatei o estágio obrigatório em análises clínicas na área técnica do laboratório São Marcos em BH (atual DASA) e, em seguida, no setor de genética, biologia molecular e doenças virais no laboratório Hermes Pardini. 

Recém-formado, fui convidado a voltar para o IRR-Fiocruz Minas no laboratório de Imunopatologia, dessa vez não mais como aluno e, sim, como bolsista. Fiquei no cargo por aproximadamente um ano, atuando no trato e manuseio dos animais, bem como em outras demandas do laboratório. Logo, decidi buscar por novos ares e fui contratado para trabalhar em um laboratório de análises clínicas veterinário. Fui com um certo frio na barriga, pois a área da veterinária não é abordada durante o curso de graduação. Porém, pude aproveitar bastante coisa do que havia feito e visto. 

Mesmo trocando de área, ainda queria explorar a biomedicina na área administrativa. Então decidi procurar outras oportunidades. Foi aí que entrei na MV Sistemas. A empresa havia ganhado uma licitação com a prefeitura de Belo Horizonte para implementação de um sistema integrado entre a rede de saúde da cidade, o SIGRAH. Lá fui responsável pela regra do negócio e a implementação do sistema. Após 2 anos na área, decidi voltar para a “bancada”.

Logo em 2022, fui convidado a voltar ao mesmo laboratório do IRR-Fiocruz Minas. Dessa vez com mais responsabilidades, podendo, assim, ter mais contato com a biologia molecular e suas vertentes. 

Como biomédico, em quais áreas você já atuou? E qual te chamou mais atenção?

Como biomédico, pude atuar em 3 áreas: pesquisa, análises clínicas e TI voltado à saúde.

A área que mais me chamou a atenção foi a de TI em saúde, apesar da minha paixão por pesquisa. Trata-se de uma área muito importante na atualidade, na qual a tecnologia nos ajuda de forma bastante efetiva. 

Contudo, é uma área carente de profissionais capacitados, o que abre muitas oportunidades para os profissionais biomédicos que se interessem. 

Carlos, a sua trajetória é marcada por especializações. Como foi essa escolha por pós-graduações?

Acredito que nós, como profissionais da saúde, devemos sempre ficar atentos ao que rodeia o mercado de trabalho. Logo, a escolha pelos meus cursos de pós-graduação foram pautadas no que o mercado tinha de oportunidade no momento e no que eu gostaria de poder atuar. 

Olhando lá atrás, no momento da escolha profissional, o que mais te orgulha?

Essa é uma pergunta difícil de responder, colocando-nos a refletir sobre nossas escolhas e por onde elas nos levaram durante essa árdua caminhada de se encontrar no mundo profissional, que pode ser encarada como “vitória” ou como tendo consequências terríveis. 

Partindo do meu ponto de vista, posso dizer que me orgulho bastante de mim, da carreira e da trajetória que construí desde a graduação, levando-me a experienciar diversas situações e aprendizados contínuos. Acredito que fiz as escolhas certas no momento certo.

Para quem está interessado na graduação em Biomedicina, quais conselhos você daria?

Deixo aqui as seguintes ponderações: tenha maturidade! A universidade não é “brincadeira”. O conhecimento está ali para quem o busca. Seja sábio e paciente. O curso de Biomedicina é um curso relativamente novo frente a cursos da saúde mais estáveis no mercado de trabalho, como medicina e enfermagem. Tenha certeza do que busca para si e do que quer para seu futuro. A biomedicina é linda, pois abre um leque de diferentes áreas de atuação. Portanto, pesquise e informe-se sobre o curso antes de dar início às atividades.

Na sua visão, como é o mercado de trabalho de biomedicina?

Como citado acima, a área de atuação do profissional biomédico ainda é bastante nova em relação às demais áreas da saúde. Contudo, com a formação de excelentes profissionais biomédicos, o mercado vem se mostrando cada vez mais promissor e com novas oportunidades para a categoria. A área da estética é uma das mais procuradas, por exemplo. 

E qual a sua dica para quem busca se destacar no mercado de trabalho?

Deixo aqui uma dica valiosa e que aprendi durante a faculdade com alguns professores: “seja visto!” Isto é, faça um bom networking durante a graduação e, se possível, leve isso para a vida. Estabeleça contatos, pois isso te impulsiona para futuras oportunidades. 

Essa não deve ser a primeira vez que você ouviu sobre a importância de se construir uma rede de contatos estratégicos e estabelecer networking. Aqui temos um conteúdo para te ajudar a fazer networking desde a faculdade, mesmo que o seu curso seja na modalidade EAD!

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