Carreira

Medicina veterinária Dr. Guilherme

 

A carreira em medicina veterinária transforma a sociedade por meio dos cuidados aos animais, afinal, muitas das vezes eles são os melhores amigos do homem. Existem muitas especialidades e formas de atuação — desde clínicas à carreira acadêmica, passando por cuidados e produtos para animais de diversos portes. 

Hoje vamos conhecer a história do Dr. Guilherme, médico veterinário com residência em anestesiologia veterinária, mestre em clínica e cirurgia veterinária. Entre 2005 e 2019, atuou no Centro de Ensino de Clínica e Cirurgia em Animais (CECCA – PUC Betim). É sócio-fundador e diretor da Zootec – Centro de Diagnóstico Veterinário desde 2014, onde exerce a função de ultrassonografista, anestesiologista e gestor.

Guilherme, como foi para você a escolha da carreira? Você sempre sonhou em ser médico veterinário ou se decidiu mais perto do ingresso na faculdade?

Eu tive muita dúvida, especialmente entre o curso de odontologia e de medicina veterinária. Cheguei até mesmo a prestar vestibular para odontologia. Eu sempre fui apaixonado pelos animais, tinha muito contato e um vínculo estreito, mas não era aquele perfil de pessoa que sempre soube o que queria fazer.

Aos poucos eu fui amadurecendo a ideia, busquei mais informações sobre a profissão do médico-veterinário, acredito que a dúvida existia porque eu tinha pouco conhecimento sobre como era a carreira. Hoje, eu posso dizer que tomei uma decisão acertada e eu sou muito feliz.

Ainda sobre esse momento de escolha profissional, o que mais pesou nessa escolha: vocação ou mercado de trabalho?

Vocação, com certeza. Eu não tinha muita visão de mercado de trabalho, isso veio ao longo do curso de graduação e com atuação prática, após formado. Eu não conhecia muitas pessoas da área, sou natural da cidade de Caeté, Minas Gerais e, quando era mais novo, tinha apenas dois médicos veterinários, e não havia nenhum tipo de espelhamento nessas pessoas ou mesmo um brilho nos olhos devido ao que elas haviam construído. Eu busquei, sim, conhecer sobre a profissão antes de me decidir, mas definitivamente o mercado de trabalho não interferiu, foi, sim, a vocação.

Como você acha que a PUC Minas te ajudou no processo de construção da sua trajetória profissional?

Tive a oportunidade de trabalhar na clínica veterinária da PUC Minas em 2005, quando tinha 3 anos de formado e já era anestesista, e isso foi um divisor de águas na minha carreira.

O contato com clínica, independentemente da especialidade dentro da profissão, é riquíssimo, porque permite o contato com profissionais de outras áreas e o desenvolvimento na área de atendimento clínico. Isso somou muito à minha vivência, contribuindo para que eu me tornasse um anestesista mais completo.

Além disso, em algumas situações clínicas, eu precisei atuar como cirurgião, o que agregou muito na minha bagagem e engrandeceu a carreira. Foi uma experiência bastante construtiva.

O seu estilo de vida — a preferência por voltar para o interior ou permanecer em Belo Horizonte — influenciou na escolha?

Eu sempre gostei muito do estilo de vida do interior, eu nasci em uma cidade pequena, Caeté, em Minas Gerais. Eu me mudei para Belo Horizonte para finalizar os estudos do segundo grau da educação básica e acabei ficando por um tempo. Posso dizer que eu me adaptei ao estilo de vida da capital mineira, mas não era minha zona de conforto. 

Quando eu comecei a atuar como médico-veterinário anestesista eu era volante, isto é, eu me deslocava até os locais de cirurgia, hospitais e clínicas para trabalhar. E, com isso, eu despendia bastante tempo com deslocamento, especialmente devido ao trânsito, o que trouxe impactos no custo e tempo. Assim que possível, eu optei por migrar para o interior novamente. 

Foi, portanto, uma decisão que levou em conta o estilo de vida, mas também o mercado de trabalho. Eu acreditei que seria capaz de levar inovações para a cidade escolhida e teria uma demanda interessante, e isso de fato aconteceu. 

Você já pensava desde o início em empreender? A rotina de um empreendedor pode ser um pouco mais flexível do ponto de vista de horários e rotina, isso era um atrativo para você?

O empreendedorismo foi crescendo ao decorrer da minha carreira, não foi algo que pensava desde o início. Desde o início, eu sempre me propus a fazer tudo o que me era solicitado com excelência e dedicação, mas não imaginava que seria um bom gestor, e hoje em dia tenho tido sucesso. 

Uma experiência que contribuiu muito para que eu me lançasse ao empreendedorismo, sendo determinante nessa escolha, foi quando eu assumi a diretoria do CECCA (Centro de Estudos de Clínica e Cirurgia em Animais). Com isso, eu pude assumir, pela primeira vez, a postura de gestor, contribuindo para o meu amadurecimento nesse papel. Eu pude aprender muito com os meus gestores da PUC e a ideia de empreender foi nascendo.

A flexibilidade do horário não foi exatamente algo que eu visava, até porque isso só foi conquistado quando eu pude contar com o apoio de colaboradores. Mesmo hoje, no papel de gestor, eu ainda me envolvo bastante no operacional, o que me exige o cumprimento de uma carga horária. Mas existe, sim, uma certa flexibilidade de horário, que me ajuda a desempenhar os outros papéis que cumpro na minha vida.

Falando agora sobre o momento de ingresso no mercado de trabalho, o que um estudante pode fazer desde o início para buscar destaque?

Na minha visão, o que um estudante deve fazer ao buscar seu espaço no mercado de trabalho é se dedicar bastante para aprender a parte teórica, de forma embasada, e se organizar para as atividades práticas. O estágio não é só para aprendizado da medicina veterinária em si, mas é uma oportunidade para aprender sobre o comportamento das pessoas experientes.

É possível absorver, por exemplo, o comportamento das pessoas que são gestoras. Especialmente para aqueles que almejam o empreendedorismo, meu conselho é observar as características das pessoas que obtiveram sucesso e se dedicar também ao estudo teórico sobre empreendedorismo.

Por fim, aconselho a ter um olhar atento ao comportamento das pessoas à sua volta que obtiveram sucesso na profissão em que estão. É importante ter discernimento — há aqueles que só reclamam e os que enaltecem a profissão. Saibam escutar e observar as pessoas que são referência na área, reflitam sobre o que elas fazem, como, e qual caminho percorreram até alcançar aquele patamar.

E como é conciliar a vocação e o mercado de trabalho no dia a dia?

Quando se tem vocação para algo, a probabilidade de se dedicar é mais alta. Faça o melhor possível, não apenas do ponto de vista da técnica, mas também aprenda a se relacionar bem com as pessoas do seu entorno. Invista em ter um bom relacionamento interpessoal e saiba ouvir pessoas que pensam de forma diferente, isso pode te ajudar a ter uma posição de destaque.

Olhando por toda a sua trajetória, o que mais te orgulha na sua escolha profissional?

É o carinho que eu dedico à minha profissão e ver o quanto isso impacta positivamente a qualidade de vida dos animais e de seus tutores. As pessoas que buscam um serviço com um médico-veterinário possuem vínculo afetivo com seus animais. E, ao cuidar desses animais, possibilitamos também uma boa qualidade de vida para essas pessoas.

Além disso, olhar para a equipe que eu construí e continuo construindo, que é uma equipe que se relaciona muito bem.

Para quem está vivendo hoje esse momento de escolha profissional, quais conselhos você daria?

O retorno financeiro é importante, não se vive sem uma mínima realização financeira, não existe vocação que resiste ao insucesso financeiro, mas, quando executamos com excelência aquilo que gostamos, o reconhecimento vem por consequência. A excelência na prestação do serviço é a chave para o sucesso financeiro.

Já a felicidade é resultado do conjunto da realização financeira e da vocação. Portanto, meu conselho seria: procurem aquilo pelo qual vocês se sentem chamados e dediquem-se com afinco.

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