O mercado de trabalho vem se reconfigurando, e, cada vez mais, é importante o profissional saber identificar sua essência, sua potencialidade e comunicá-las de maneira estratégica. Estamos falando do marketing pessoal e da gestão da sua marca pessoal, que, quando bem trabalhados, podem dar aquele up na sua carreira.
Como a hora de começar a cuidar da sua imagem profissional é no início de sua trajetória, trouxemos dicas muito valiosas para você. Conversamos com a especialista em marca pessoal Fabiana Lopes sobre o assunto e recomendamos fortemente a você que leia a entrevista a seguir.
Fabiana é cofundadora da Enlace Gestão, que atua nos campos do marketing estratégico, branding e diferenciação. A empresa é também líder em planejamentos de marketing de influência em Minas Gerais com atuação em campanhas nacionais.
Além da formação em Comunicação Social e pós-graduação em Marketing, em Negócios e em Finanças, nossa entrevistada é dona de uma rica bagagem, tendo passado por diversos veículos de imprensa, multinacionais e de vários setores.
Bacana demais, não é? Então, veja agora como foi nossa conversa com Fabiana e aprenda bastante!
O que é exatamente o marketing pessoal?
Hoje em dia, a gente fala de marca pessoal, ou branding persona, que muitas pessoas chamam de marketing pessoal; isso é uma das coisas mais importantes que a gente tem. O que acontece quando a gente fala de branding persona ou de marca pessoal, atualmente, é o que rege qualquer tipo de relação. Como assim? Você faz parte de um contexto no qual você está inserido no mundo pessoal, no mundo de lifestyle, no mundo profissional, já que em todos os momentos você se relaciona com alguém. Se relacionando com alguém, você gera um impacto no outro. E o que o outro sente por você. Por exemplo, estou num barzinho, você chega lá, senta ao meu lado, fica conversando. Aí você vai ao banheiro. A gente brinca que marca pessoal é o que as pessoas falam de você quando você levanta da mesa. Aquela pessoa animada, aquela pessoa chique, aquela pessoa inteligente, empreendedora… É a marca que você deixa no outro.
E, nos dias de hoje, isso tem muito valor, porque, com o advento das redes sociais, nós começamos a criar empresas que não existiam. Antes as pessoas tinham que fazer Medicina, Odontologia, Direito, Letras, para construir uma profissão. Hoje nós temos diversas profissões oriundas do digital, e essas profissões, como qualquer outra, têm impacto na nossa marca pessoal. Por exemplo, para os alunos que estão no começo da carreira e têm que pensar qual o impacto que querem gerar nos professores, nos colegas de sala, que vão ser futuros colegas de trabalho, talvez empregadores. Semana passada mesmo, eu fiz uma live com um amigo meu, que fez faculdade comigo. Tem 22 anos que a gente se formou. Ele falando de inovação, eu falando de marketing.
Então, são pessoas que vão transitar pela sua carreira de uma forma ou de outra, que a gente não sabe, mas mesmo assim a gente está deixando a marca naquela pessoa. Assim, hoje não é a roupa que você veste, seu cabelo, sua joia, seu relógio. Isso tudo faz parte de um pilar da marca pessoal, ou da brand persona, que se apresenta como a construção da sua imagem. Os outros, são assim: qual é a sua formação, seu currículo, seu lifestyle, se você faz esporte, se tem cachorro, se é casado ou solteiro, seu jeito, se você é formal, se é coloquial…Isso tudo forma a sua marca. O seu tom de voz é sua marca pessoal, você se vende o tempo inteiro, ou para uma empresa, ou você vende um produto ou um serviço, vende sua imagem como um influenciador de determinada área. Portanto, isso tudo constrói a importância dessa marca pessoal, principalmente no mundo de hoje que a gente vive, que é tão conectado e que trabalha tanto com imagem.
Como um bom marketing pessoal pode ajudar na construção de uma carreira de sucesso?
A marca de uma pessoa vale muito pela postura dela. Logo, se você vai procurar um estágio, ou um emprego, a forma como você vai estar vestido, a forma como você vai falar, o tom de voz que você vai ter entrevista; ou então foi aprovado, está no primeiro mês de emprego. Como você vai ser proativo, como você vai entregar o seu trabalho, isso tudo mostra qual é a sua marca pessoal. E aí você deve ser valorizado com um salário de x ou de 2x pelo fato de a sua marca ser forte, ser profissional, ser transparente e ser adequada ao seu mercado. Imagina se uma pessoa que vai trabalhar com Direito, chega na empresa falando gírias, usando tênis casual, sendo que ele quer ser um advogado, que é um profissional completamente formal, que é uma das profissões que ainda não saíram muito do formalismo que precisa estar ali. Mas, ao mesmo tempo, imagina a pessoa vir trabalhar aqui na Enlace, que é uma agência de marketing estratégico, digital e de branding, e ela chegar aqui de salto alto, de terninho, falando ‘por obséquio’, não vai combinar, porque aqui somos mais descolados, cuidamos de projetos mais criativos. Então, precisamos entender como estamos levando nossa marca pessoal.
Se você está procurando um estágio, por exemplo, eu preciso levar para eles o que eles esperam como empresa. Por isso, estude a empresa antes de ir para a entrevista, veja o perfil da empresa e, a partir daí, que tipo de roupa vai vestir, que tipo de vocabulário vai usar, que certamente você vai ter muito mais sucesso.
É interessante começar a cuidar do marketing pessoal já no início da faculdade ou o aluno deve se preocupar com isso apenas quando estiver se formando?
A gente não constrói a marca pessoal, ela já existe. Então, você já é uma marca, porque você é uma pessoa. Você já existe como marca desde que nasceu, com aquilo que já é seu, suas características, sua personalidade. Isso constrói sua marca.
A partir do momento que você quer se posicionar em um determinado mercado, você vai apurar detalhes que você quer, para melhorar a exposição dessa marca. Assim, no começo da carreira, é ótimo, é perfeito. Vou dar um exemplo: quando eu comecei minha carreira no Estado de Minas, na Rádio Guarani e na TV Alterosa, todos eles veículos de comunicação. E aí eu fui ser trainee do Estado de Minas, vendendo anúncios do jornal. Eu tinha um colega de trabalho que pegava todo o salário dele (e salário de trainee é um salário inicial) e ia ao shopping e comprava numa loja supercara, supersofisticada. Ele comprava uma ou duas blusas. E ele falava assim para mim: ‘Fabi, a gente tem que se vestir como o cargo que a gente quer alcançar. Eu vou ser diretor de alguma coisa um dia; então já vou me portar assim’. E ele era extremamente formal. Eu sempre me preocupei com isso, mas eu ficava preocupada e admirava muito a postura dele. Hoje, 20 anos depois, ele é diretor da Band Minas Gerais.
Eu sempre brinquei muito assim: Eu quero ser chefe’ . Isso porque eu sabia que eu amava pessoas e eu queria coordenar pessoas. E, quando uma pessoa te busca como um gestor, você tem que estar aberta; tem que ter uma postura aberta, com seu cabelo, seu rosto, a sua maquiagem; a forma como você fala; como se portar numa mesa. Isso tudo comunica, e você tem que atrair, para que você seja um bom gestor, uma pessoa aberta a escutar o outro, a escutar seus funcionários. Então, isso já se constrói desde cedo e o quanto antes.
Esse cuidado com a imagem é válido para todas as áreas de atuação? Por quê?
Todas as áreas, todas as pessoas, independentemente se já trabalha ou não, a pessoa está impactando o outro de qualquer forma; em tal caso, todas as áreas. Hoje a gente tem diversos cursos que atendem empresários, além de todos os clientes da Enlace, e, quando a gente faz o curso de marca pessoal mesmo, que é recorrente, em todas as áreas que você puder imaginar, são inúmeros os alunos. Médicos, empresários, empreendedores, dentistas, arquitetos, influenciadores. Agora mesmo estamos atendendo uma oftalmologista e uma dermatologista, uma dona de joalheria, uma dona de marca de roupa feminina.
A gente já teve aluno que era de um escritório de contabilidade; aí pode até parecer estranho, mas, sim, um escritório de contabilidade também precisa de uma marca forte no mercado. E toda marca tem que ter uma voz. É um escritório, sim, mas quem fala pelo escritório tem que ter uma imagem que comunique.
Quais os primeiros passos para quem está começando a construir uma reputação profissional?
Primeiro é a pessoa entender qual é o propósito que ela tem naquele momento. Então, ela tem que entender qual é o propósito do que ela quer aprimorar na sua marca. Ah, quer parecer mais maduro, mais competente, quer buscar o primeiro emprego, o que quer transmitir naquele momento. Assim, primeiro é entender e buscar o propósito. Segundo é
buscar inúmeras informações gratuitas na internet, cursos, informações de como construir isso de uma forma mais profissional. Em terceiro, é entender que aquele primeiro passo vai ser muito decisivo para a carreira; que a gente vai errar, vai acertar, vai entrar em um emprego, vai sair de outro, mas cada um constrói o quebra-cabeça de quem a gente vai querer realmente ser o futuro. E que muitas vezes não é encontrado no começo, não é no primeiro, segundo ou terceiro emprego. Eu fiz Publicidade e eram oito períodos; no sétimo eu falei com minha mãe> ‘Eu quero largar e fazer Fisioterapia’, e ela falou: ‘Otimo. Você vai terminar o último período e depois você faz o que quiser’. Aí, no oitavo período, eu tive aula com um professor sensacional, era a primeira turma em que ele dava aula, na vida. Ele se chama Tio Flávio; ele deu aula para nós, e eu me apaixonei por Marketing e aí eu desisti da Fisioterapia. Há 22 anos eu trabalho na área de Marketing em multinacionais, cargos de diretoria, etc. E, se eu tivesse abandonado ali naquele momento, não teria feito nada. Isso é que é a diferença, é a gente entender que às vezes o nosso propósito não é aquele, naquele momento, mas que a gente tá construindo alguma coisa para essa marca futura.
Qual a importância da autenticidade na construção da imagem profissional?
Não existe marca pessoal que não seja orgânica, original e autêntica, porque senão não é uma marca pessoal, é uma mentira. É um personagem, e o personagem não é uma marca pessoal. Então, a primeira coisa é a sua originalidade, a sua autenticidade, o que vai construir a marca que é você. Por exemplo, a gente tem aqui médicos extremamente formais e médicos extremamente engraçados, leves. E cada um com seu perfil constrói a sua marca pessoal. Assim, não adianta dizer para o que é mais descontraído que ele deve ser mais formal nem com o mais formal que ele precisa ter mais jogo de cintura, porque não vai ter a ver com a personalidade e com a verdade de cada um deles. Desse modo, a nossa marca pessoal vai pegar os nossos pontos fortes, nossos pontos a desenvolver e entender claramente quais são eles, ressaltar aquilo que a gente tem de melhor e tentar ‘mascarar’, no bom sentido, o que não quero desenvolver e expor. É saber o que é importante para o momento e o que você quer desenvolver, para assim poder construir sua marca pessoal. E, por fim, é isto: tem que ter autenticidade e verdade, senão não existe marca.
Como apresentar as qualidades sem parecer arrogante ou subestimá-las?
Pois é, a gente tem um módulo do nosso curso que fala sobre o tom de voz, que não é só o tom da voz que a pessoa tem; o que a gente fala em Marketing é a forma como uma pessoa fala, como sorri, como articula a boca, como usa o corpo para se comunicar, como usa as mãos. Então, no momento em que o aluno estiver no processo seletivo, primeiro ele tem que estar com uma postura aberta e vencedora. Se ele estiver de cabeça baixa, se estiver com vergonha, ele não passará nenhuma segurança para o entrevistador. Então, precisa estar com o peito aberto, com um sorriso aberto e precisa ter certeza do que realmente consegue fazer. Um aluno no começo da carreira não vai ter tantos casos para contar, mas deve mostrar que tem boa vontade, que quer aprender… E isso tudo com muita energia nos olhos e na voz, para transparecer aquela imagem, aquele branding pessoal, que faz o entrevistador entender os benefícios que terá ao contratá-lo. Se a pessoa tem brilho nos olhos, isso transparece em uma entrevista.
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