O mundo atual é marcado por intensa produção e circulação de informações, numa velocidade e volume que surpreendeu até os mais otimistas estudiosos do Big Data. Tanta produção e tanto consumo de informações abrem diversas possibilidades de estudo e aprendizado, mas também podem causar a chamada “infodemia”.
Conforme aprofundaremos a seguir, trata-se de uma difusão massiva de informações de um evento de grandes proporções (dentre elas as fake news) e, como toda epidemia, tem seus efeitos danosos. Isso se acentua no momento presente, em que estamos enfrentando a COVID-19, e, em função do distanciamento social, estamos ainda mais conectados.
Como podemos então nos resguardar dos impactos da infodemia ao mesmo tempo em que buscamos o conhecimento como forma de desenvolvimento pessoal e profissional e como meio de manter a saúde mental diante de um cenário de incertezas? É sobre isso que conversaremos neste artigo. Vamos lá?
Entenda o que é infodemia
Tão logo as informações sobre a descoberta e o avanço do coronavírus tomaram conta dos noticiários, das redes sociais, dos grupos de WhatsApp e do assunto entre as pessoas, a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou para os perigos das falsas notícias, das informações sem respaldo científico e da boataria em torno da situação. A própria OMS cunhou o termo “infodemia”, que, grosso modo, significa “epidemia de informações”.
Temos hoje em dia uma soma de fatores que favorecem o alastramento de informações tal qual as do vírus. Contamos com gigantesca produção e consumo de dados, alcance global para troca e envio de mensagens, altos índices de acessibilidade e o lamentável crescimento das fake news nos últimos anos. Acrescenta-se aí todo o medo, a ansiedade e as dúvidas que naturalmente uma pandemia traz. Tudo isso é o pano de fundo da infodemia.
Os efeitos danosos da infodemia
É preciso, contudo, ter em mente quais são os danos que podem ser causados por esse excesso de exposição às notícias, sobretudo a conteúdos sensacionalistas, disseminação de boatos com viés político, informações vindas de pessoas mal-intencionadas e até mesmo dados alarmantes. Veja, então, os principais problemas que isso pode nos causar:
Alterações e agravamento de quadros emocionais
Por si só o enfrentamento de uma pandemia, em dimensões como esta, não vista há décadas, já desperta sentimentos naturais do ser humano como alerta, medo, ansiedade e preocupação com si próprio, com seus familiares e com a comunidade como um todo. Ao nos depararmos com informações falsas e tendenciosas, esses sentimentos são potencializados, principalmente em quem já apresenta casos como depressão e síndrome do pânico. Gera-se, com a boataria ou com o acompanhamento intensivo das notícias, um senso de urgência, muitas vezes desnecessário, que leva a comportamentos como estocar produtos em casa ou ainda se cria um pânico coletivo, fazendo com que se busquem culpados e algozes. Exemplo disso, foram os ataques xenófobos sofridos por chineses em diversas localidades, inclusive no Brasil.
Desinformação e má informação
Tão perigosa quanto a COVID-19 é a absorção de conteúdo sem comprovação científica e inverídico, que afeta a população na criação de uma mentalidade coletiva baseada em distorções e mentiras.
A desinformação coloca a saúde física e mental em risco, a vida social, a interação familiar, o aprendizado, o trabalho e a qualidade de vida de modo geral. E como ela se manifesta? Por meio de uma lei trabalhista mal-interpretada, curas milagrosas, números exagerados e relatados equivocadamente, minimização da gravidade do contágio, levando as pessoas a quebrar a quarentena e o isolamento social, compras excessivas de mantimentos e material de limpeza, uso incorreto dos meios de prevenção, dentre tantos outros.
Riscos para a saúde
Entre as tantas preocupações típicas de um momento extremo, a infodemia pode piorar quadros emocionais, como abordamos anteriormente, e pode levar a riscos para a saúde física e ao agravamento de sintomas da própria COVID-19.
Recomendações de alimentos milagrosos, distorção de dados sérios e comprovados, negacionismo e irresponsabilidade coletiva ao minimizar os riscos de contaminação, publicação de pesquisas falsas, opinião de supostos médicos e indicação de receitas caseiras e medicamentos aleatórios: são essas as principais e mais preocupantes mensagens que constituem a infodemia.
Prejuízos materiais
Diante das incertezas, de estarmos mais sensibilizados e realizando mais compras e transações on-line, aumenta também o índice de golpes virtuais. Dentre as práticas, estão a propagação de mensagens com links de falsos descontos e promoções, alertas com mensagens que levam nomes de instituições financeiras e até mesmo aplicativos falsos para o recebimento das verbas de programas sociais como o auxílio emergencial. Há também casos de venda de medicamentos e soluções milagrosas, que reúnem todos os danos aqui mencionados.
Veja como reduzir os impactos da infodemia
Para resguardar-se dos riscos acima, é preciso aprender maneiras de filtrar o que se recebe de informações, a fim de que a internet e os demais meios de comunicação sejam fontes de aprendizado e saúde mental, e não mais um sintoma de pânico e estresse. Dentre elas, enfatizamos as seguintes:
- Confie apenas em informações respaldadas pelos órgãos oficiais de saúde como OMS, Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, além das instituições sérias de pesquisa, como as universidades que estão trabalhando no enfrentamento da COVID-19 e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Somente essas informações devem ser compartilhadas. Caso ainda não conheça o portal que a PUC Minas criou para concentrar notícias, dicas e artigos sobre o coronavírus, acesse e acompanhe: https://www.pucminas.br/coronavirus
- Confira se as informações recebidas são provenientes de veículos de imprensa respeitados e sérios.
- Evite mensagens que circulam massivamente em grupos e não compartilhe nada que não tenha a veracidade comprovada.
- Fique atento a fatos que certamente serão noticiados por fontes confiáveis. Hipóteses e suposições, sobretudo de não especialistas, não acrescentam nada, apenas potencializam os estragos da infodemia.
Além das dicas acima, é preciso que você tome medidas pessoais para reduzir a angústia típica dos tempos em que estamos e possa manter uma rotina criativa e equilibrada. É, sim, possível buscar informações de forma tranquila e saudável, que lhe permitam aprender novas habilidades, aperfeiçoar conhecimentos e divertir-se também.
Evite a busca excessiva por informações sobre a pandemia, descanse e converse sobre outros temas. Use os aplicativos e mantenha-se próximo de seus colegas, amigos e familiares. Não deixe que os mecanismos da infodemia tornem os dias ainda mais difíceis.
E, buscando manter o aprendizado em dia, receber dicas para lidar melhor com esse período e continuar cuidando da sua carreira, conte com a PUC Minas. Acompanhe o blog da PUC Minas.