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Por crescimento da consciência ou por necessidade de sobrevivência, o mercado já dá sinais contundentes de uma mudança de olhar para o uso dos recursos naturais. E mais: para a relação destes com a economia e com o desenvolvimento social

Não é por acaso que a Agenda ESG e as políticas de sustentabilidade pautadas nos ODS da ONU estão movimentando trilhões de euros. É nesse cenário que surge a economia circular, uma nova proposta de cadeia produtiva, mais consciente, mais coletivista e mais factível para a realidade atual.

Vamos te explicar o que é a economia circular e como ela dialoga com as tendências de responsabilidade socioambiental que estão direcionando o mercado global. Acompanhe!

Entenda o que é economia circular

A economia circular traz uma nova visão da cadeia produtiva, das relações de consumo e do uso dos recursos da natureza, como alternativa viável e estratégica de desenvolvimento sustentável. 

Ao contrário do modelo que conhecemos hoje, a ideia de circularidade une as duas pontas da cadeia de produção, reduzindo expressivamente a necessidade de exploração do meio ambiente, uma vez que o próprio resíduo gerado se transforma em matéria-prima. 

Outra proposta interessante da economia circular é que ela apresenta a coletividade, o compartilhamento e a colaboração como estratégia de sobrevivência do planeta e de longevidade dos negócios. Em outras palavras, ela põe em xeque a cultura do individualismo, trazendo o senso de comunidade como fator essencial para o equilíbrio do planeta e a fluidez do mercado. 

Alguns exemplos de medidas de economia circular incluem: 

  • Programas de logística reversa, como o do Grupo Boticário, que recolhe embalagens de seus produtos para dar a elas a destinação correta. 
  • Reuso de materiais, como as embalagens retornáveis da Coca Cola. 
  • Reaproveitamento de peças e componentes químicos do chamado lixo eletrônico. 
  • Armários compartilhados e brechós. 
  • Programas de reciclagem, incluindo informação para a população e adaptação de materiais para facilitar a coleta e o reaproveitamento. 
  • Reciclagem de resíduos para uma nova destinação, como a iniciativa da PUKET, que recolhe meias usadas e as transforma em cobertores para pessoas em situação de rua. 
  • Compostagem de lixo orgânico, que se transforma em adubo. 

A economia circular trabalha também com a mudança de hábitos, o que evita a produção e a compra excessivas e o desperdício. Por exemplo: em vez de comprar um equipamento que será usado com pouca frequência, é melhor optar por alugá-lo quando necessário. Ou a aquisição de roupas de qualidade melhor, para evitar recompras em curto prazo; e o conserto de brinquedos, para evitar o descarte excessivo de plástico. 

Os 4Rs da economia circular 

Para direcionar e promover a economia circular, geralmente tem-se como base os seguintes parâmetros: 

  • Reduzir – extração de menos recursos naturais, evitando desperdício no processo produtivo. 
  • Reutilizar – promoção do reuso de componentes e materiais enquanto tiverem vida útil ou mesmo dar a eles outra finalidade. 
  • Reciclar – transformação do material descartado em nova fonte de matéria-prima. 
  • Recuperar – extração de componentes ou partes de produtos que podem ser reutilizados na produção do mesmo item — por exemplo, recuperar metais preciosos em celulares descartados. 

Há também correntes que incluem nos princípios da economia circular a educação e a conscientização de indivíduos e da sociedade; o desenvolvimento de produtos mais duráveis e o manejo correto e destinação adequada de lixo e resíduos que não podem ser aproveitados. 

Vantagens da economia circular para as empresas

Inserir essa consciência sustentável na cultura e nos processos de uma organização é mais que um compromisso de cidadania, é também vantagem competitiva e traz diversos benefícios para o negócio. Entre eles, citamos: 

  • Redução de custo com matéria-prima e insumos. 
  • Redução de custos operacionais.
  • Fortalecimento da reputação da empresa. 
  • Aumento competitividade e atração de investidores e parceiros adeptos do ESG. 
  • Melhoria da relação com as comunidades do entorno. 
  • Ampliação de projetos de inovação e proposição de soluções diferenciadas para o mercado, como as cidades inteligentes. 

Veja as diferenças entre a economia circular e a economia linear

A diferença entre os modelos está na forma de entender e de lidar com recursos naturais, na lógica de produção e de consumo e na responsabilidade com os resíduos e lixo gerados. E isso vai além do meio ambiente, é uma visão de mundo e dialoga com pautas sociais como combate à fome, distribuição de renda e racismo ambiental. 

Dessa forma, economia linear é bem conhecida por toda a sociedade, é ela que predomina há séculos, sobretudo após a Revolução Industrial. Pautada por uma cadeia produtiva que esgota recursos, a lógica desse modelo é:

  • explorar → produzir → consumir →  descartar.

Já a economia circular se baseia num modelo de retroalimentação e transformação, em que o resíduo gerado após o fim da vida útil de um produto torna-se novamente fonte de matéria-prima. Ou seja, é mais parecido com os ciclos da natureza. As etapas-base são:

  • extrair o necessário → produzir  → consumir  → reusar  → reciclar. 

Saiba qual a relação entre economia circular e ESG

Embora tenham tudo a ver e levantem várias bandeiras iguais, como a sustentabilidade, ESG (Meio Ambiente, Social e Governança) e economia circular não são sinônimos. 

Os dois conceitos se encontram em atributos como redução da poluição, preservação do meio ambiente, redução do impacto ambiental na cadeia de produção, entre outros. Ambos também são mais do que ações isoladas: são uma mudança de mentalidade e de comportamento na relação com a cadeia de produção e com os recursos naturais. 

A agenda ESG é uma concepção mais ampla e complexa, que trata a sustentabilidade pela ótica da responsabilidade socioambiental corporativa e cada um de seus pilares funciona como um indicador de risco para investimentos. Ela abrange pautas como transparência no uso de dados, diversidade e inclusão e a redução do impacto ambiental. 

Assim, podemos considerar que a economia circular faz parte do ESG como um recurso, como uma das frentes de atuação, numa perspectiva prática, da letra “E” da sigla. 

Conheça os cursos da PUC Minas voltados para ESG e sustentabilidade

Antes mesmo de se tornar uma pauta global, a PUC Minas já trazia responsabilidade socioambiental como base do ensino. E atenta às transformações e às demandas do mercado e da sociedade, lançou cursos de pós-graduação lato sensu com foco no ESG. 

Veja as ofertas:

E tem mais: 

A PUC Minas lançou recentemente o Portal da Sustentabilidade, um repositório que concentra todas as ações de responsabilidade socioambiental da Universidade, projetos e pesquisas, bem como conteúdo, relatórios e publicações acerca do tema. 

A economia circular tem se apresentado como uma via segura tanto pela perspectiva do equilíbrio do planeta como da continuidade de negócios e empresas. Afinal, não há linha de produção sem matéria-prima e não há lucratividade viável diante da escassez. É preciso compreender as condições da natureza e inovar no uso e no reuso dos recursos naturais, nas relações de consumo e até mesmo nas de trabalho. 

Trata-se de um campo em franco crescimento, com inúmeras possibilidades de atuação e que veio, sim, para ficar. E ele traz consigo muitos desafios e necessidade de qualificação profissional. Portanto, é hora de você aprofundar seus conhecimentos e se preparar para construir sua carreira pautada no desenvolvimento sustentável e na economia circular. 

Quer aprender mais sobre o assunto? Baixe gratuitamente o Manual do ESG, desenvolvido pela PUC Minas. 

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