As estatísticas mostram que o racismo permanece na estrutura de nossa sociedade, agravado por outros sistemas de opressão. As frequentes notícias, os relatos de inúmeras pessoas atacadas dão cara e nome aos números levantados pelas pesquisas. Isso, entre outros aspectos, torna cada vez mais urgente o combate à discriminação racial.
Esse assunto deve estar em todos os lugares, fazer parte das conversas, das relações, do mercado e da sociedade em geral. Por meio do aprendizado, da reflexão e da consciência é que teremos mais condições de eliminar o racismo.
Sendo assim, que tal levar o combate à discriminação racial também para sua lista de filmes e séries? Prepare a pipoca e vamos lá!
1. A Mulher Rei, direção de Gina Prince-Bytheewood
Direção, enredo, elenco, produção: tudo isso encabeçado por mulheres pretas tornam o filme uma importante realização e um progresso do universo cinematográfico. A trama se ampara na história de Agojie, um potente e habilidoso exército composto exclusivamente de mulheres, responsável pela proteção do reino africano de Daomé.
Viola Davis interpreta a protagonista general Nanisca e sua atuação é brilhante, assim como a das demais atrizes, que dão vida e representam toda a força da mulher africana, além de difundir histórias que por muito tempo ficaram ocultadas.
2. Falas da Terra, direção de Graci Guarani
O especial, que tem formato de documentário, foi produzido pela Rede Globo, com equipe majoritariamente indígena e suporte de estudiosos, como Ailton Krenak, para representar com propriedade a pluralidade dos povos indígenas brasileiros e de suas culturas.
Com relatos, depoimentos e informações, foram exibidas ao público as vivências que extrapolam a floresta, que mostram a presença indígena nos grandes centros urbanos, nas universidadese nas empresas, e as muitas possibilidades que fazem parte do dia a dia dessas pessoas. Com uma linguagem leve e acessível, é uma boa pedida para assistir no tempo livre e nos momentos de lazer.
3. Olhos que Condenam, direção de Ava DuVernay
Esta é uma minissérie, com apenas quatro capítulos, dirigida por uma das revelações do audiovisual contemporâneo. Pela ótica de uma mulher negra, é contada a história de cinco adolescentes negros, condenados injustamente por um crime, pelo qual cumpriram pena entre 5 e 12 anos. Baseado em fatos reais.
A cada episódio, você verá exemplos nítidos de como o sistema de encarceramento opera na marginalização de pessoas, sobretudo jovens e pretas.
4. Raoni, direção de Jean-Pierre Dutilleux e Luiz Carlos Saldanha
Com uma abordagem corajosa e transgressora para o período (1978), o filme relata a trajetória de Raoni Metuktire e do povo Kayapó, localizado na região do Alto Xingu. O longa foi filmado clandestinamente no Parque Nacional do Xingu e deu voz e visibilidade ao cacique, que já nesta época denunciava a violência contra os povos indígenas, a exploração ilegal dos recursos naturais, a grilagem e a destruição da floresta.
5. Cara Gente Branca, criação de Justin Simien
Cinco jovens universitários negros em uma instituição majoritariamente branca: esse é o pano de fundo da série. A partir dele, várias nuances do racismo são trabalhadas, como apropriação cultural, discriminação racial contra outros povos (asiáticos, por exemplo), colorismo e muitos outros.
Com uma boa dose de sátira, a série aborda temas, acontecimentos e ataques recorrentes a pessoas negras. Nos episódios a narrativa transita entre casos extremos de violência e manifestações veladas de racismo, como comentários aparentemente inofensivos. Atualmente, a série está em sua quarta temporada.
6. Medida Provisória, direção de Lázaro Ramos
No melhor estilo “nós por nós”, Medida Provisória é uma produção essencialmente negra, que parte da perspectiva de pessoas negras brasileiras. O filme é baseado no livro Namíbia, Não!, de Aldri Anunciação, que também é ator e interpreta um personagem em Medida Provisória. A crítica presente na obra é muito necessária e interessante.
A história se passa no futuro, um futuro próximo, cinco anos à frente, no qual o governo brasileiro entende que, para curar as feridas deixadas por séculos de escravização e racismo estrutural, o correto seria enviar toda a população preta “de volta” para a África. Isso é feito e endossado por uma Medida Provisória do governo. O que a princípio teria contornos de reparação histórica, na verdade foi mais uma forma de violência e opressão contra negros e negras.
7. Maracá — Emergência Indígena
Essa é uma webserie que conta com a participação de dezenas de artistas, ativistas sociais, estudiosos, pesquisadores e apoiadores das causas indígenas no Brasil. Em oito episódios, são tratados temas diversos que atravessam a história e a vivência dos povos indígenas em nosso país. Na época de seu lançamento, em meio à pandemia, foi também uma ferramenta para denúncias acerca da precariedade das condições de saúde e pedidos de ajuda.
Com textos de grandes lideranças indígenas, como Cacique Raoni, Sônia Guajajara e Shirley Krenak, a websérie tem um importante papel histórico e social no combate à discriminação racial.
É só escolher e boas reflexões!
Por fim, é preciso que cada um de nós se reconheça como responsável pelo combate à discriminação racial. De fato, ela está enraizada na estrutura social e isso se desdobra em costumes, conceitos e olhares que, muitas vezes, passam pelo tempo como algo natural e até mesmo sem reflexão.
Entretanto, a coletividade também é construída por nós e cabe a nós reconstruirmos essas bases, principalmente às pessoas não negras, não indígenas, que se encontram há séculos em lugares de privilégio social, com mais recursos e possibilidades.
Quer aprender mais sobre essa pauta? Confira também 8 livros para entender e se aprofundar no combate à discriminação racial.