Carreira, Dicas

Acontecimentos de dimensões globais, como a pandemia que estamos vivenciando, são também grandes momentos de transformação individual e coletiva. Apesar das incertezas e das alterações na rotina de todos, esses eventos passam pela história da humanidade também como veículo de aprendizado. É urgente combater de todas as formas a disseminação do vírus, mas mantendo o otimismo e pensando no daqui para a frente. Como você vê o mundo pós-coronavírus?

Ao observarmos à nossa volta, é possível perceber as mudanças que um evento da proporção da COVID-19 traz para a sociedade em diversos âmbitos, como o olhar para o outro, o senso de comunidade, a necessidade de adaptação, os avanços tecnológicos, a reestruturação dos campos político e econômico e sobretudo a consciência individual. 

Não sabemos ao certo quando a pandemia estará de fato controlada nem se ainda podemos dimensionar a dimensão do impacto. Todavia, podemos trabalhar com o que temos para que possamos crescer como indivíduos e como parte da coletividade

Que tal discutirmos sobre as transformações que já se desenham e tendem a marcar nossa vida pós-coronavírus? A PUC Minas, em seu constante exercício crítico do entendimento da humanidade e da sociedade, propõe a você as reflexões a seguir. Vamos lá! 

 

As transformações pós-coronavírus

Comportamento do consumidor e relações de consumo

O cenário de restrições, incertezas e distanciamento social balançou as estruturas do modo de consumir da sociedade em todo o mundo. Em geral, as pessoas precisaram analisar criticamente o que é consumido por necessidade e o que é consumido por status, para preencher algum vazio ou simplesmente pelo hábito do acúmulo, típico de nossos tempos. Tal padrão de consumo, que até mesmo pressiona demasiadamente o planeta, ainda que de maneira repentina, precisou ser revisto. E, ao mudar a perspectiva sobre o mercado e sobre o que consumir, a interação marca-cliente consequentemente também é modificada. 

Se já caminhávamos para relações mais próximas e humanizadas, em que o público esperava das marcas posturas e atitudes mais responsáveis e comprometidas socialmente, no pós-coronavírus isso tende a se fortalecer bastante. Durante a pandemia, a todo instante pode-se perceber a repercussão do posicionamento e das declarações de CEOs entre os públicos. Estamos numa época em que as pessoas têm marcas como referência não apenas de preço e qualidade, mas também de comportamento e valor. Sim, é cenário do qual os consumidores exigem coerência de suas marcas preferidas, e isso reflete diretamente no caixa das empresas. 

 

Relações de trabalho e liderança

Há algumas décadas já era possível acompanhar mudanças significativas nos formatos de trabalho. Novas profissões surgindo, algumas se remodelando e outras deixando de existir. O trabalho remoto ou em home office, ganhando cada vez mais espaço, porém com alguma resistência em alguns locais. Diante de um cenário extremo, o campo laboral é um dos primeiros a se reorganizar graças à tecnologia. Assim, o que vemos são mais possibilidades surgindo, empresas e pessoas quebrando certos preconceitos com o trabalho em home office e compreendendo os inúmeros benefícios que podem ser gerados para múltiplos setores econômicos. 

Além disso, passamos a relações mais horizontais e mais humanas, em que a colaboração e a confiança se sobrepõem a hierarquias e títulos. Ao mesmo tempo em que há notório desconforto, há incrível capacidade de fazer o melhor possível com o que se tem. A distância física está permitindo que líderes e liderados se vejam mais em sua vida real; e isso, mais do que fortalecer os laços de parceria, deixa muito nítido o papel do líder. Liderar é inspirar e conduzir o time, é confiar e conectar-se como pessoas, que afinal, é o que somos. 

 

Avanço da tecnologia e uso estratégico dos recursos tecnológicos

Em tempos extremos, como o de uma pandemia, algumas tendências e mudanças de comportamento são aceleradas para que as pessoas e os negócios consigam se reinventar e sobreviver em meio à adversidade. É o que estamos vendo neste momento. Diversos hábitos e concepções já iniciados com a transformação digital e a chamada indústria 4.0 estão sendo impulsionados diante da necessidade de remodelarmos a forma de consumir e de relacionar com os outros.

Lojas varejistas estão remanejando recursos para que possam vender pela internet, empresas estão intensificando o trabalho remoto, e algumas estão experimentando o formato home office e enxergando-o por outra perspectiva, pessoas que não confiavam nas transações bancárias on-line estão se informando mais sobre segurança de dados e usando aplicativos dos bancos.  Aplicativos de entrega estão tendo um boom de pedidos, e uma parcela da sociedade está conhecendo os benefícios e a comodidade de aderir à tecnologia no dia a dia. São inúmeros os exemplos e a abrangência em diversas áreas, inclusive Saúde, Educação e Lazer e Cultura.

Isso sem contar a automatização na cadeia produtiva das indústrias, que não viram outra opção senão “renderem-se” ao avanço tecnológico. Certamente, todo esse cenário de experimentação e de ampliação do uso da tecnologia marcará a sociedade pós-coronavírus. Assim, devemos estar preparados para atuar neste novo contexto e compreender todos os aspectos humanos e técnicos que já se desenhavam e agora ganharam bastante fôlego. 

 

Senso de coletividade no mercado e cocriação

A concepção da criação conjunta, das produções colaborativas e dos trabalhos cocriados já se desenhava em muitos campos, como os do empreendedorismo, da ciência e da economia criativa. E podem ter certeza de que o pós-coronavírus será ainda mais propício a esse modelo de desenvolvimento de ideias e projetos, uma vez que surge de forma geral um despertar para a ação em grupo

O coronavírus tem a prevenção e o combate essencialmente relacionados ao fazer coletivo. A sobrevivência do indivíduo depende da sobrevivência do grupo. A contribuição de cada um é necessária para a solução de um problema global, é a demonstração máxima de que não estamos sozinhos no mundo, de que não somos donos de todos os conhecimentos e habilidades e de que, por outro lado, somos seres sociais e interdependentes e que a união é, dentre outros aspectos, estratégia de sobrevivência e crescimento. Uma reflexão muitas vezes incômoda, mas necessária, não é mesmo? 

 

Consciência individual,  relações familiares e espiritualidade

Antes da pandemia da COVID-19, como estava sua relação consigo mesmo, com sua consciência e com seus familiares? Afora toda a instabilidade do contexto atual, você tem conseguido perceber que está diante de uma oportunidade de repensar como são suas atitudes com os outros e consigo mesmo? Já pensou em aproveitar esta fase de distanciamento social para procurar respostas, aconchego e mudanças no próprio lar, na própria família e em seu grupo de amigos, talvez com quem você raramente fala ou não privilegia? 

As dificuldades vêm também para nos melhorar, para deixar nítido o que é importante, o que é supérfluo e o que é imprescindível. Por mais que os tempos estejam duros, vamos manter a serenidade, dialogar, abrir portas para novos aprendizados. Aproveite para voltar mais para si mesmo e refletir sobre aonde você quer chegar, o que pode ser feito e como você pretende seguir sua trajetória no período pós-coronavírus. Busque por inspiração e use este tempo para cuidar também da mente, do coração, dos afetos e para fortalecer a sua espiritualidade. 

Em tempos de isolamento e reflexão, encontramos uma boa oportunidade para dar mais atenção à espiritualidade e à expressão da fé, que passa por um processo de introspecção e autoconhecimento. Isso para que possamos nos fortalecer intimamente e assim tornar o grupo mais forte também. A fé traz conforto e amadurecimento em dias sombrios e faz com que, apesar de tudo, encontremos luz e apoio em nós mesmos e no próximo, a fim de que, como bem diz a oração de São Francisco de Assis, possamos levar esperança onde houver desespero. 

 

Desenvolvimento de Soft Skills

E, mais uma vez, um acontecimento global acelera a implementação de uma tendência que estava sendo discutida havia um tempo. As empresas vêm percebendo que precisam de colaboradores com habilidades que vão muito além da técnica, do currículo. 

Essas competências, chamadas de Soft Skills, estão conectadas com a personalidade e o comportamento das pessoas. Vivemos um período propício ao desenvolvimento e ao aperfeiçoamento delas, como resiliência, serenidade perante os problemas, colaboração, pensamento crítico e comunicação eficaz.

Não é apenas à procura de uma boa colocação no mercado. A inteligência social, a saúde mental, a busca por soluções criativas e o autocontrole nos ajudam a superar qualquer desafio proposto.

 

Hora de aprender e evoluir

Diante das reflexões aqui propostas e do que podemos esperar do mundo pós-coronavírus, evidencia-se que é hora da flexibilidade, da empatia e do agir coletivo. Não há mais espaço para individualismo, tanto nas relações pessoais quanto nas de mercado e de trabalho. É preciso se abrir ao novo, repensar, remodelar a forma de agir, refletir sobre quais ferramentas usar e quais lições podemos aprender neste momento grave e que requer de todos nós esforços extras para nos mantermos firmes, saudáveis e produtivos. 

A PUC Minas, em suas mais de seis décadas de trajetória, acompanhou diversos momentos históricos sérios como este e tem total certeza e esperança de que, embora com dificuldades e privações, passaremos por esta pandemia, aprenderemos e estaremos prontos a evoluir em todos esses campos, dando início a uma realidade mais humana pós-coronavírus. É nisso que a gente acredita.

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