Vida Acadêmica

Desenvolvimento humano por meio da arte: é isso que a Universidade mirou ao criar a Escola de Teatro PUC Minas, há mais de duas décadas. Isso consolida o diálogo com o teatro em sua estrutura física, pedagógica e humanística, além de oportunizar a estudantes e a comunidades mais um recurso de aprendizado e formação.

E você, já conhece essa iniciativa da instituição? Conversamos com o professor e coordenador da Escola de Teatro PUC Minas, Luiz Arthur, e ele nos contou tudo sobre a escola, as aulas, os benefícios e as contribuições do teatro na formação humana e profissional e muito mais. Confira a seguir.

 

coordenador da Escola de Teatro PUC Minas, Luiz Arthur.

1) Qual o principal objetivo da PUC Minas ao criar a Escola de Teatro?

A PUC Minas foi visionária ao perceber, há tanto tempo, o quanto é um diferencial abraçar a arte como veículo transformador para as pessoas. O teatro é, acredito, o instrumento mais poderoso nesse sentido. Independentemente da área de conhecimento em que a pessoa está inserida, o teatro, ministrado por uma equipe especializada, com experiência docente e atuação destacada no mercado, potencializa o olhar para si próprio. O ensino teatral traz ganhos efetivos para quem quer ser profissional ou não. É a chance de enxergar quem você é de verdade e toda a sua potencialidade.

Assim, estudantes que passam pelo nosso processo formativo – claro, com a devida abertura para as vivências propostas durante todo o curso – têm a chance de entender melhor o mundo que os cerca e seu mundo particular. Acho mesmo que ter voz, desmistificando a questão da timidez, passando pelo autoconhecimento, é uma experiência e tanto. E a PUC Minas segue ocupando esse lugar com excelência que faz da Escola de Teatro referência no ensino teatral no estado.

2) Quais modalidades de curso a Escola de Teatro Puc Minas oferece?

Atualmente, temos o Curso Processo Profissionalizante, com aulas três vezes na semana, que visa aqueles que desejam atuar no mercado profissional; e o Curso Iniciação Teatral para Adultos, uma vez por semana, voltado para quem quer se conhecer melhor por meio das técnicas teatrais e não almeja trabalhar no mercado.

Temos vários casos de alunos e de alunas que optaram pela Iniciação, concluíram o curso e, de imediato, migraram para o processo Profissionalizante. Costumo dizer que, quando o bichinho do teatro entra na veia, não dá mais pra viver sem. E, neste semestre, temos uma novidade maravilhosa: além da turma de Iniciação, no turno da noite, em nossa sede, na unidade Coração Eucarístico, teremos uma turma de Iniciação de Adultos, no turno da tarde, na PUC Praça da Liberdade.

3) Para ser aluno ou aluna da Escola de Teatro PUC Minas, é necessário ter alguma formação anterior em teatro, ou a escola atende iniciantes também?

Não é necessária nenhuma formação anterior. É chegar, se inscrever e se abrir para o aprendizado. Todas as pessoas que confiam na Escola de Teatro PUC Minas, na expertise do grupos de profissionais envolvidos, no histórico exitoso que temos no currículo (com atuação na área, há mais de 23 anos), enfim, na chancela de qualidade da PUC Minas, têm a chance de sair de nossos cursos muito maiores do que entraram.

4) Como a Escola de Teatro PUC Minas contribui para o avanço cultural e social das comunidades atendidas?

Temos uma vigorosa mostra de trabalhos todo semestre e aberta ao público de forma gratuita. Quem assiste ao que criamos não sai impune. Falo com orgulho porque já estamos pensando na 47ª edição. É uma produção singular, com espetáculos e exercícios que colocaram a Escola de Teatro como um dos destaques no calendário cultural de Belo Horizonte, quando o assunto é formação, produção e reflexão. É inegável o que construímos com seriedade, com rigor.

Durante a pandemia, por exemplo, fomos pioneiros no Brasil com a apresentação de espetáculos online com estudantes do teatro. Tivemos de reestruturar nosso ensino, e o resultado foi fantástico. Era o teatro possível naquele momento e que teve ganhos extraordinários. A necessidade de uma reinvenção, amplamente divulgada no período pandêmico, é nosso mantra diário. Muitos falaram que não era teatro já que era ‘à distância’. Estávamos convictos que acharíamos maneiras de estimular todas as pessoas que queriam um tipo de desenvolvimento amplo, mesmo na restrição da própria casa, às vezes, num canto de um quarto.

Sempre tivemos estudantes que demoram a convidar familiares, amigos, colegas de trabalho para vê-los em cena. Na pandemia, conseguimos que vários projetassem a voz em seu quarto, durante as aulas, e, aos poucos, toda a turma entendeu que, sim, os parentes, os vizinhos, acabavam participando do seu processo particular. Quer vitória maior do que essa?! Ter voz é muito mais do que ter um timbre bonito. Muitas foram as vozes que conseguiram a devida projeção assim. Ter voz é muito!

Depois, fomos os primeiros a voltar ao presencial, numa encenação com máscaras, que não só protegiam, mas que ganhavam sentido em cena como parte da narrativa. Nossa sede foi ainda o espaço escolhido como Posto de Vacinação na época, pela sua posição estratégica, pela acessibilidade, pela qualidade e dimensão da edificação. Temos uma sede ampla e pronta para o ensino e para o fazer teatral. É um orgulho sermos referência, com um histórico tão múltiplo de conexão com as pessoas, com gente que ambiciona ter consciência sobre a sua existência. Pessoas que querem ser nosso público ou querem ser estudantes para refletir com consciência sobre o mundo que nos cerca. Para serem seres pensantes.

No momento atual, o grande desafio ainda é retomar a relação presencial de maneira aprofundada, com escuta mútua. Temos ainda uma perda do traquejo social muito evidente, em especial em jovens que nos procuram. Muitos casos de depressão, de ansiedade e é natural que seja assim. O teatro não é terapia! Ponto. Terapia depende da ação ligada aos profissionais da saúde, devidamente qualificados para tal, como os da psicologia, da psiquiatria, entre outros, mas carrega em si um viés terapêutico, porque teatro nunca se faz sozinho. A Secretaria de Cultura e Assuntos Comunitários, na qual a Escola de Teatro PUC Minas se insere, segue atenta aos melhores mecanismos para uma relação frutífera com a comunidade que atingimos.

5) Como a escola contribui para o desenvolvimento pessoal dos alunos e das alunas? Quais soft skills podem ser trabalhadas nas aulas de teatro?

Quando falamos hoje de ‘soft skills’ ou mesmo de ‘metodologias ativas’, falamos de aspectos que o teatro sempre priorizou. Aprendemos é no erro, no caos. Infelizmente, parte da geração mais jovem quer respostas prontas e que nada agregam para o desenvolvimento que tanto almejam. A imensa maioria compreende rapidamente que o teatro é outro lugar, em que as perguntas muitas vezes são respondidas com outras perguntas, ainda mais inquietadoras. Brinco que, no teatro, dois mais dois pode ser cinco, seis ou até mesmo quatro. É maravilhosa a provocação que o teatro propõe na troca entre seus atuantes e o público.

Os professores que compõem nossa equipe se colocam no jogo teatral ao descerem do pedestal que acomodam por vezes tantos acadêmicos. Isso em nada desmerece o profissional ou o projeto pedagógico da escola. Torna nosso trabalho mais atento aos desafios que enfrentamos todos os dias. Para falar a língua de alunos sedentos pelo conhecimento ou mesmo daqueles que não chegam tão disponíveis assim, é preciso uma mistura milimétrica de acolhimento e autoridade.

6) Depois da formação na Escola de Teatro, quais são os próximos passos para quem deseja seguir carreira na área?

Continuar estudando, sempre, com a atenção devida aos movimentos artísticos que o cercam e que se renovam a cada instante. Quando o sujeito acha que já sabe, é, definitivamente, o primeiro passo para o declínio. O tempo nos faz melhores pela consciência de que o trabalho do ator não cessa nunca. E, muitas vezes, seguir na área também é ser empreendedor, ser produtor. O artista precisa descobrir sua identidade artística, quem quer ser na arte. Entender cada vez mais as qualificações que carrega e como pode agir na sociedade.

O viés social é inerente ao fazer teatral. Não dá pra esperar que ‘caia do céu’ o convite de uma hora pra outra. Em outras áreas do conhecimento, também é árdua a inserção no mercado. Em qualquer ofício, é importantíssimo qualificar-se, aprimorar-se e fazer com que o entorno o enxergue. Há alguns alunos de teatro que, é inacreditável, não vão ao teatro e querem que seu talento seja reconhecido. Talento é apenas uma pequenina parte do que faz possível um artista. Sobretudo, é a vocação – que é o trabalho, a dedicação, o estudo – que sempre fará a diferença.

 

A Escola de Teatro PUC Minas é superbacana, não é mesmo? Que tal se divertir, ampliar seu repertório sociocultural, conhecer mais pessoas e ainda dar um up em sua jornada de construção de carreira? Aproveite que a escola está com processo seletivo aberto e faça, agora mesmo, a sua inscrição.

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