Você já teve a sensação de que está no seu trabalho atual por sorte, ou que tirou uma nota melhor do que mereceu, ou ainda que recebeu elogios desproporcionais à sua capacidade? Isso já ocorreu em situações em que você até mesmo tenha se dedicado, se esforçado e sabia o que estava fazendo? Se respondeu afirmativamente às questões anteriores, talvez você esteja enfrentando a “síndrome do impostor”, mais comum do que imaginamos.
Mas não se preocupe! Hoje vamos conversar sobre isso, explicar o que é a síndrome do impostor, como identificá-la e como mandá-la para bem longe de nós. Reunimos informações para que você conheça mais sobre o assunto e, assim, possa buscar ajuda profissional, que é um dos principais caminhos para manter uma boa saúde mental. Combinado? Então, vamos lá!
Entenda o que é a síndrome do impostor
Embora esteja relacionada tanto ao emocional quanto ao psicológico, os cientistas e os profissionais da saúde mental não a classificam como uma patologia, como é o caso da ansiedade e da depressão. A síndrome do impostor é considerada um conjunto de sensações e pensamentos e pode estar associada a diversas situações. Dentre elas, a casos de doenças e transtornos psiquiátricos, a ambiente familiar, a ambiente de trabalho e de estudo em desequilíbrio, à relação com pessoas específicas e momentos pontuais da vida.
Na maioria dos casos, ela surge em fases em que, após período de esforço, trabalho e dedicação, a pessoa começa a colher os bons frutos e por algum motivo sente como se não merecesse os resultados alcançados. Por exemplo, depois de passar por um longo processo seletivo para estágio ou trainee e conseguir a vaga, o candidato é tomado por sentimento de insegurança sobre sua capacidade e conhecimento e começa a se ver como uma “fraude”. É como se todos aqueles atributos enxergados nele por outra pessoa não fossem verdadeiros, e a qualquer instante ele poderá “ser desmascarado”.
Em suma, é uma distorção na percepção do indivíduo sobre si mesmo e sobre a realidade, o que faz com que ele se enxergue como um “impostor”, quando na verdade tem todas as competências e habilidades necessárias para tal posto, função e reconhecimento.
Nesta matéria da BBC Brasil, você encontra informações relevantes sobre a síndrome do impostor, com visões de profissionais estudiosos do tema. Só para você ter uma ideia de como a síndrome está presente no mundo trabalho, de acordo com a reportagem, um estudo publicado no International Journal of Behavioral Science mostrou que mais de 70% das pessoas entrevistadas já se sentiram, em algum momento, como impostoras ao longo da carreira.
Principais sinais
É interessante ficar atento a seu comportamento atual, a fim de facilitar o entendimento do que está se passando. Abaixo estão os indícios mais recorrentes da síndrome do impostor:
- Procrastinação
- Excesso de perfeccionismo
- Dificuldade em aceitar novas oportunidades
- Dificuldade em receber elogios
- Autodepreciação
Dicas para se livrar da síndrome do impostor
Identificou-se com os sinais? Lembrou-se de alguém próximo que está passando por isso? Então, temos duas boas notícias:
- Ninguém nasce com essa síndrome.
- Ela tem tratamento.
Vamos compartilhar algumas dicas para ajudá-lo a enfrentar essa situação angustiante, que você pode começar a inserir no dia a dia hoje mesmo. Lembrando que as dicas são um up para sua rotina e não dispensam suporte profissional.
Aceite que está enfrentando esse quadro
Para resolver um problema, precisamos primeiro conhecê-lo, identificá-lo e aceitar que ele existe e está ali. Negar para si mesmo ou minimizar seus sentimentos não colabora em nada, e pior, prolonga a situação. Portanto, acolha seu momento e olhe para ele de frente.
Conscientize-se de que você não tem todas as respostas
Um caminho de muitas batalhas pode fazer com que você se sinta pressionado a dominar todos os assuntos, a saber tudo o que envolve sua profissão e formação, a tirar as melhores notas e a ser sempre o funcionário do mês. É uma carga e tanto para segurar, não acha?
Então, respire, tranquilize-se e aceite que ninguém sabe tudo o tempo todo. Permita-se não saber, permita-se dizer “não sei”. É exatamente por não termos todos os saberes que podemos aprender e nos aperfeiçoar constantemente, compartilhar e trocar conhecimentos, de forma saudável, com outras pessoas.
Analise seu caminho sempre que a insegurança bater
Infelizmente, quando a “síndrome do impostor” está em cena, a sensação de insegurança em relação a si e a tudo o que conquistou aparece com mais frequência. Uma alternativa para amenizar essa angústia é listar – sim, escrever uma lista – toda a sua jornada e inserir os frutos que está colhendo.
Lembre-se de sua dedicação, de todas as vezes que precisou abrir mão de algo, enfim, das suas lutas e de tudo o que fez para estar onde está. Você verá com mais nitidez que ali não houve sorte, fraude ou coincidência, e certamente a sua busca e a sua entrega.
Converse com pessoas da sua confiança
Abrir-se com pessoas em que confie e dividir o que está sentindo é importante para compreender o que ainda está nebuloso. Chame amigos íntimos, familiares e pessoas da sua confiança e peça ajuda. Talvez elas conheçam recursos e informações que você não tinha nem ideia. Sem contar que falar com pessoas especiais é sempre muito bom, não é mesmo?
Naturalize receber elogios
Uma coisa é ter modéstia, outra coisa é não se considerar merecedor de nenhum elogio. Sabe quando alguém elogia seu trabalho, ou lhe parabeniza por ter ido bem em uma prova, ou ressalta um traço de sua personalidade e você fica sem jeito e chega até a acreditar que a pessoa está mentindo ou exagerando? Essas reações são típicas da síndrome do impostor; por isso, você precisa se livrar delas. Se ainda é difícil absorver e acreditar no elogio, apenas agradeça. Crie o hábito de agradecer e de não discutir o elogio, tentando provar que você não merece. Assim, você vai se familiarizar com essas situações e, com o tempo, verá como é natural.
Fuja das comparações com outras pessoas
Cada pessoa tem uma história, habilidades e desafios que só ela própria conhece. Todos somos assim, ou seja, apresentamos um conjunto de muitas qualidades, limitações, realizações, conhecimentos, acertos, erros e temos muito a aprender. Não há caminho perfeito, sem obstáculos. O que há são desafios e dores diferentes. Conhecemos toda a nossa jornada,mas, em relação aos outros, apenas a linha de chegada. Não tem como comparar, porque do outro você vê apenas um recorte, apenas o ângulo mais interessante. Por outro lado, no que diz respeito a si mesmo, você vê até os ângulos não tão bonitos. Seja o seu parâmetro, trabalhe sua autoestima e treine todos os dias um passo de cada vez, o reconhecimento de suas habilidades, competências e dons.
Faça atividades que lhe dão prazer
Organize sua rotina aa fim de que você possa ter momentos de descanso e oportunidades de realizar outras atividades de que você gosta e que não estejam relacionadas diretamente a seu trabalho ou aos conteúdos estudados na faculdade. Isso lhe ajuda a descansar a mente e a ver a pluralidade do seu talento e da sua capacidade.
Lembre-se: a síndrome do impostor é multifatorial e pode trazer mal-estar e dificuldade em adaptar-se à vida profissional e acadêmica. Caso não esteja conseguindo lidar bem com ela, é essencial buscar apoio de profissionais especializados, aptos a ocupar-se de temas como os referentes à saúde mental.
Se você percebeu que está passando por isso, saiba que não está sozinho. A PUC Minas oferece atendimento a preços sociais para alunos e comunidade acadêmica, em suas clínicas-escola, nas unidades Betim, Coração Eucarístico, Poços de Caldas e São Gabriel. Atualmente, os atendimentos estão sendo realizados de maneira remota. Para mais informações, entre em contato com a PUC Minas. – Confirmar essa informação.