Dicas

Além de todos os danos individuais e sociais que ele provoca, o racismo caminha na contramão do desenvolvimento socioeconômico, político, ambiental e, sim, da evolução do mercado de trabalho. Esse assunto é urgente e precisamos conversar mais sobre ele. 

O conhecimento e a informação abrem portas, expandem horizontes e nos fazem questionar o que está posto e precisa ser mudado. E, por acreditarmos na potência do conhecimento, montamos uma seleção de livros para ajudá-lo a se aprofundar mais na pauta racial, em suas conexões com outras lutas e, ainda, levar o combate à discriminação para o seu dia a dia e de todos a seu redor. Partiu conferir! 

Coleção Feminismos Plurais, organizada por Djamila Ribeiro

Coleção Feminismos Plurais, organizada por Djamila Ribeiro

Essa coleção conta (até o momento) com 14 livros de bolso, que abordam o racismo através de múltiplas temáticas com as quais ele se relaciona. Para tanto, parte-se da perspectiva do feminismo negro em diálogo com outros campos, como empoderamento, apropriação cultural, encarceramento em massa, racismo estrutural, trabalho doméstico e intolerância religiosa, entre outros. 

Escrita e organizada essencialmente por autores e autoras negras, a coleção Feminismos Plurais é uma verdadeira porta que se abre para o letramento e a consciência racial. Esse trabalho se destaca também por trazer à tona produções de mulheres pretas e por ser vendido a preços módicos, com o intuito de alcançar o grande público. 

Ideias para Adiar o Fim do Mundo, de Ailton Krenak 

Ideias para Adiar o Fim do Mundo, de Ailton Krenak

Com autoria de um grande pensador e uma das maiores referências brasileiras do movimento indígena, o livro traz um debate muito importante sobre a relação do ser humano com a natureza. Krenak, que veio de uma região fortemente devastada pela mineração (o Vale do Rio Doce), faz uma crítica ao entendimento de que o homem está à parte e acima dos outros organismos da natureza. 

O líder indígena ressalta a interdependência entre homem e o meio ambiente como alicerce de sobrevivência. Com base nisso e na visão de mundo de seu povo, ele apresenta a ressignificação dessa relação homem-natureza como caminho possível para um novo modelo de existência e sociedade. 

O Genocídio do Negro Brasileiro: processo de um racismo mascarado, de Abdias do Nascimento

O Genocídio do Negro Brasileiro: processo de um racismo mascarado, de Abdias do Nascimento

Temos aqui mais uma leitura fundamental para se ter uma formação antirracista. Neste livro, Abdias, que foi brilhante em suas tantas atuações como escritor, professor, ativista e político, escancara facetas do racismo antes veladas na sociedade brasileira. 

Nesse clássico da literatura preta, o autor apresenta dados, exemplos, fatos e estudos que fazem cair por terra o mito da democracia racial no Brasil, o que é um ponto de partida imprescindível para o combate à discriminação racial. Além disso, ele trata também das especificidades do racismo no Brasil, que apresenta diferenças em relação a outras nações, como Estados Unidos e vários dos países africanos. 

Coração na Aldeia, Pés no Mundo, de Auritha Tabajara 

Coração na Aldeia, Pés no Mundo, de Auritha Tabajara

Que tal um cordel? Aqui está! Em uma agradável combinação de tradições nordestinas e indígenas, Auritha Tabajara conta sua história, com a sutileza poética característica de seu trabalho. Ela organiza o enredo em três momentos que marcam sua identidade: as vivências como uma mulher indígena, o entendimento de si mesma como mulher na busca por oportunidades nas grandes cidades, e a compreensão de sua afetividade como uma mulher LGTBQIAPN+. 

Assim, Auritha nos oferece uma reflexão acerca da interseccionalidade, por meio do encontro de diversas pautas em uma mesma pessoa. E, como já esperado, compartilha com o leitor pontos importantes de sua cultura e visão de mundo de seu povo. 

Um Defeito de Cor, de Ana Maria Gonçalves

Um Defeito de Cor, de Ana Maria Gonçalves

Curte um romance com uma pegada de consciência e informação? Então corre aqui, que Um Defeito de Cor é uma boa opção para você. A obra conta a vida da ilustre Luiza Mahin, que teve forte atuação na luta contra a escravidão, sendo inclusive protagonista na organização de um importante levante em Salvador (BA), no ano de 1835, durante a Revolta dos Malês. 

A narrativa se dá por meio da personagem Kahindé, que viveu múltiplos momentos e cenários da escravização, tais como o sequestro em sua terra, o reino do Daomé (atual Benim), a escravidão, as lutas, a alforria, o retorno à África e a volta ao Brasil. As referências para a criação da história são os relatos de Luiz Gama, que é tido como filho de Luiza. 

Tom Vermelho do Verde, Frei Betto 

Lançado em 2022, o livro de Frei Betto é resultado de um processo criativo que levou cerca de cinco anos. Na obra, o centro da discussão é o massacre do povo Waimiri-Atroari no período do regime militar, com destaque para os anos de construção da BR-174. Frei Betto traz também diversos exemplos e relatos que jogam luz em aspectos da ditadura que ficaram obscuros por tanto tempo, como a violência contra os povos indígenas na região da Amazônia. 

As análises do frei são atemporais e se encaixam bem nos acontecimentos recentes, como a opressão vinda de garimpeiros ilegais, sequestro de crianças, destruição de comunidades inteiras e outras manifestações. Com senso crítico e olhar humanístico, ao mesmo tempo que informa, provoca reflexões relevantes. 

O saci verdadeiro, de Olívio Jekupé 

Essa dica é especial para quem é fã dos quadrinhos. Uma das marcas das culturas de povos originários é a oralidade, de modo que assim são passados de geração em geração os conhecimentos, os segredos, a fé, os ritos e as tradições. Como um canal entre a ancestralidade e o tempo presente, as histórias contadas dos mais velhos para os mais novos mantêm viva a continuidade de cada cultura. 

O autor Olívio Jekupé usa como pano de fundo a lenda do Saci para ilustrar a interferência da colonização no espaço-tempo indígena. Na história, o menino Karaí, que conhecia o protetor da floresta como Jaxy Jaterê, aprende na escola que o termo correto é Saci Pererê. As dúvidas e reflexões da criança nos levam a refletir de maneira leve e didática sobre o tema. 

Mulheres, Raça e Classe, de Ângela Davis

Eis aqui um clássico da literatura antirracista, uma leitura “obrigatória” para quem deseja compreender melhor a estrutura racista, como ela se consolida e se intercambia com outros sistemas de opressão, como machismo. 

Nesta obra, Davis evidencia a necessidade de se racializar todas as questões sociais, a influência do racismo na construção da sociedade dos Estados Unidos, nos movimentos e subjetividades dos indivíduos. 

Os títulos escolhidos condensam toda uma trajetória de estudos e luta de seus autores e autoras e se transformaram em verdadeiros referenciais da luta antirracista. E vários deles ganharam o mundo. 

Vale lembrar que contamos com excelentes livros e autores que não foram contemplados aqui, mas têm igual relevância. Certamente, após essas leituras você estará mais preparado para  promover mudanças em si próprio, nos seus grupos de convivência, em sua profissão e na sociedade como um todo. 

Gostou do conteúdo? Continue acompanhando o Conexão PUC Minas. No blog você encontra diversas publicações e materiais que vão dar aquele up na sua formação humana e profissional.

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